Taboão da Serra tem a chance de dar um basta ao ciclo de erros que se revezam consigo mesmos

 Taboão da Serra tem a chance de dar um basta ao ciclo de erros que se revezam consigo mesmos

Imagem: Dereck Gomes

 

Amigas e amigos, de acordo com as mais recentes informações, o Governo de São Paulo dará continuidade às obras da ETEC e, ao que tudo indica, também tem notícia importante sobre a chegada do metrô para Taboão da Serra. Os anúncios foram feito pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em evento realizado na última segunda-feira, 25, no Palácio dos Bandeirantes.

Presentes no lançamento do Programa de Liberdade Econômica do Estado de São Paulo, o prefeito José Aprígio (Podemos) e o deputado estadual Eduardo Nóbrega (Podemos) anunciaram o avanço das obras juntamente com o governador, em vídeo publicado conjuntamente nas redes sociais.

Sobre o metrô, Tarcísio garantiu que as obras devem começar já no ano que vem. “O metrô vai ser atendido, como falamos no dia de hoje. Nós já estamos fazendo o projeto de engenharia e em 2024, as obras já vão ter inicio. Então o metrô para Taboão da Serra vai virar uma realidade”, disse Tarcísio.

Além das obras do metrô, Aprígio aproveitou a oportunidade para agradecer Tarcísio por possibilitar que as obras da ETEC, paralisadas desde a antiga gestão do ex-prefeito Fernando Fernandes (PSDB), pudessem ser finalizadas. “Hoje, o deputado Dr. Eduardo Nóbrega e eu tivemos a honra de agradecer pessoalmente ao governador Tarcísio pela sua dedicação em atender nosso pedido e retomar as obras da ETEC de Taboão da Serra, que estavam paralisadas por longos 5 anos. Essa escola é um pilar fundamental para a educação de nossa juventude, e sua conclusão trará oportunidades incríveis”, disse.

 

Metrô

Material de campanha da deputada Analice Fernandes afirmando que as obras do metrô haviam chegado a Taboão da Serra (Imagem: Reprodução)

Usada como ferramenta de campanhas políticas ao longo dos anos, a estação do metrô para Taboão da Serra nunca saiu do papel. Analice Fernandes (PSDB) foi uma das entusiastas da obra, e chegou a declarar, em 2003, que a cidade viveria um “novo surto de desenvolvimento” e que “as prefeituras precisariam preparar as pessoas e as cidades para esse novo tempo”.

Em um dos materiais de campanha da deputada que foram distribuídos à população de Taboão da Serra, constava a afirmação que o metrô havia chegado à cidade. “Linha 4 do Metrô – As obras da Linha 4 chegaram a Taboão. O metrô está fazendo as perfurações e estudo do solo para o projeto executivo”, consta no material. E finaliza decretando: “A estação será no centro da cidade”.

O tal ‘novo tempo’ mencionado por Analice, no entanto, nunca chegou. Mesmo com a passagem de governadores como Geraldo Alckmin, José Serra, Alberto Goldman, João Dória e Rodrigo Garcia – que compunham a base política da deputada no espectro estadual -, a obra nunca evoluiu, vivendo às sombras das promessas, das expectativas e das frustrações. Em abril deste ano, Analice participou de uma entrevista e chegou a responsabilizar o Governo de São Paulo pela cobrança que recebia dos taboanenses sobre esse assunto.

“Quem mora em Taboão cobra todos os dias mesmo. Analice, não vai chegar aqui por quê? Por que o governador à época foi várias vezes comigo a Taboão e falou: ‘gente, olha, vai chegar’. E deu data para nossa cidade. Não fui eu que dei a data, foi o Governo do Estado”, disse.

Em 2020, então como deputado estadual, Aprígio liderou a Frente Parlamentar para a ampliação da Linha 4 – Amarela e chegou a expor a falta de planejamento concreto para a expansão do metrô para Taboão da Serra.

Em agosto deste ano, o deputado estadual Eduardo Nóbrega (Podemos), durante reunião na Assembleia Legislativa, questionou o secretário de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini, sobre a existência de algum projeto executivo que indicasse a extensão do metrô até Taboão da Serra, feito em gestões passadas. O secretário foi enfático ao afirmar que não houve projeto real para a extensão do metrô.

“Não existe projeto executivo e, realmente, a gente está um pouco mais atrasado em relação à Linha 5. O governador [Tarcísio] quer levar para fora da cidade de São Paulo e eu acho que a Linha 4 é a mais fácil de fazer isso, por que só faltam 3,3 km’s de túneis, com duas estações, a da Chácara do Jóquei e a de Taboão da Serra”, disse o secretário.

O ex-prefeito Fernando Fernandes (PSDB) chegou a publicar um vídeo, em agosto deste ano, rebatendo as afirmações de que não há projeto para a expansão. Na primeira parte do vídeo, Fernando comenta sobre uma visita feita em 2014 pelo então secretário estadual de Transportes, Jurandir Fernandes, que à época chegou a afirmar que as obras do metrô em Taboão da Serra já haviam começado. “As obras já estão em andamento, e o município terá um dos mais modernos sistemas de metrô do mundo”, afirmou o secretário.

É importante ressaltar que, mesmo com o secretário afirmando que as obras estavam em andamento, naquele momento, os projetos básicos de arquitetura, obras civis, sondagens, pedidos de licenças ambientais e, até mesmo, indicativos de que as próximas etapas incluiriam desapropriações nos locais estudados, nada de efetivo foi realizado e a obra nunca foi iniciada.

 

ETEC

Imagem: Dereck Gomes

Entre a E.E Wandyck de Freitas e a agora antiga sede da Prefeitura de Taboão da Serra, a Escola Técnica Estadual (ETEC) desponta entre umas das “anomalias” mais negativamente simbólicas da cidade. A inauguração do edifício ocorreu em março de 2018. No entanto, somente um dos blocos foi finalizado. O ‘esqueleto’ do segundo bloco acabou sendo deixado para trás e, hoje, quem passa pelo local busca compreender o que ocorreu ali.

Questionado à época da inauguração sobre a entrega do segundo bloco da ETEC, o então prefeito Fernando Fernandes (PSDB) afirmou que a obra seguia “um cronograma pré-definido”. “[…] A ETEC ela tem uma necessidade de ampliação quase imediata. Você põe ela pra funcionar e no ano seguinte já tem que ampliar a ETEC. Então já fizeram uma construção programada para fazer uma ampliação, para já ter o prédio pronto, só resta fazer o acabamento”, afirmou.

Poucos meses antes do início das eleições, em passagem por Taboão da Serra, o então governador Rodrigo Garcia (PSDB) chegou a anunciar o retorno das obras da ETEC, com investimento previsto de R$ 16 milhões. A notícia foi fruto de postagens nas redes sociais, com o ex-prefeito e sua esposa, a deputada Analice Fernandes, comemorando a notícia. Porém, com a derrota de Garcia nas eleições de 2022, as tratativas retornaram à estaca zero.

 

Considerações

Olhem só. Quem é este que vos escreve para aconselhar alguém sobre algo, não é mesmo? Ainda assim, atrevo-me por este caminho, mas justifico.

Vou recorrer a duas frases muito emblemáticas sobre o assunto. A primeira é de Shakespeare: “contrabalançar promessas com promessas é estar pesando o nada”. Ora, o que se deu até agora se não isto mesmo? Quantas promessas foram dadas como argumentos em cima de outras promessas, e como resultado NADA aconteceu? Quantas figuras políticas não foram reeleitas no passado mexendo e revirando os sonhos de seus eleitores?

Já a segunda frase é do filósofo alemão Friedrich Nietzsche: “devemos ter uma boa memória para sermos capazes de cumprir as promessas que fazemos”. Quem deseja o bem e torce para Taboão da Serra precisa de pessoas que não se esqueçam da nossa cidade, que tenham boa memória. Ainda que tenha cometido alguns erros e deslizes aqui e ali, em minha opinião, Tarcísio se mostra ser uma pessoa centrada em sua gestão e conhecedor do jogo político. Sabe muito bem que para avançar, precisa saber pensar muito bem antes movimentar as peças. Por que eu digo isso?

Aprígio, em seu vídeo, parabeniza Tarcísio por ‘pensar grande’. Tendo perdido as eleições em Taboão da Serra para Fernando Haddad (PT) durante a campanha de 2022, o governador realmente precisará colocar em prática uma estratégia política efetiva, e isso passa diretamente por questões como a do metrô, que é uma exigência dos munícipes há anos. Governador, se você deseja avançar no jogo, avance com a garantia das realizações e não com a ilusão das promessas. Pensando grande, concretize, e concretizando veja como a população irá reagir.

 

Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, durante evento em Guarulhos. (Imagem: Governo do Estado de São Paulo)

Pensar grande, por exemplo, é tirar do papel um sonho que nenhum prefeito antes havia discutido, como foi o caso da mudança da sede da Prefeitura para um espaço maior. Pensar grande é realizar obras importantes que são vistas ou não a olhos nus. Pensar grande é se importar com o meio ambiente. Pensar grande é ter responsabilidade com os gastos públicos e ter suas contas aprovadas no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE), como foi Taboão.

“Ah, mas você está puxando o saco”, vão dizer por aí. Olhem só, os fatos que eu trouxe aqui são incontestes, e é a partir deles que eu me agarro para transformá-los em opinião. Talvez desagrade uns, enquanto outros podem se sentir representados. “É do game”, como dizem por aí. Não é o meu dever agradar a todos, mas eu devo falar, e é o que o Voz Diária me permite fazer, e assim o faço com clareza de ideias.

Caro leitor, cara leitora, fato é que é impossível olhar essas duas situações – metrô e ETEC, assim como outras – e não imaginar quão grotescas essas histórias são, quando analisadas em essência. Uma mistura carnavalesca de promessas, previsões, descumprimentos, novas promessas e assim vai.

Quem sai perdendo não é aquela figura que pode trocar de partido, mudar a cor do cabelo, se apresentar com um novo número e dizer que nunca prometeu nada. Quem perde é a população, principalmente aquela mais pobre, trabalhadora, que depende do transporte público para se locomover mais rapidamente, que depende de uma ETEC para conseguir um emprego melhor e por aí vai.

É preciso dar um basta a esse ciclo de erros que se revezam consigo mesmos. Nossa cidade está em pleno processo de transformação para algo ainda mais altivo, mais transformador e real. Para isso, depende de pessoas que estejam necessariamente na mesma sintonia.

Em suma, esperamos que o governador de São Paulo entre no mesmo ritmo em que os taboanenses estão.

É isto.

 

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