Sandro Fantinel, o nordeste é muito maior que pessoas preconceituosas como o senhor

 Sandro Fantinel, o nordeste é muito maior que pessoas preconceituosas como o senhor

Imagem: Reprodução

 

Amigas e amigos, vejam só que fato lamentável e revoltante, para dizer o mínimo. O vereador de Caxias do Sul, Sandro Fantinel (Patriota), resolveu subir à tribuna, nesta terça-feira (28), para proferir verdadeiros absurdos contra nordestinos. “Não contratem mais aquela gente lá de cima”, essa foi uma das frases ditas por esse senhor, praticamente um xenófobo declarado, que questionou o caso de trabalhadores resgatados em situação de escravidão em vinícolas da cidade vizinha de Bento Gonçalves.

Para quem não acompanhou o caso, mais de 200 pessoas foram encontradas exercendo trabalho análogo à escravidão durante a colheita de uva para vinícolas. Esses trabalhadores foram contratados pela empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda., que oferece mão de obra para marcas como a Aurora, Cooperativa Garibaldi, Salton, além de produtores rurais ali daquela região. Essas pessoas disseram que eram extorquidas, ameaçadas, agredidas e sofriam tortura com choques elétricos e spray de pimenta.

Sandro Fantinel, comprando as dores dos empresários “caluniados” com tamanhas “inverdades” – empresariado esse que, inclusive, afirmou que o programa Bolsa-Família, do Governo Federal, seria o grande responsável pelo trabalho escravo –, achou por bem, em seu discurso, reforçar para que produtores da região “não contratem mais aquela gente lá de cima”, em referência aos trabalhadores vindos da Bahia que ocupavam a maioria dos cargos. A solução, para o vereador, seria contratar pessoas vindas da Argentina que, segundo ele, são “limpas, trabalhadoras e corretas”. Os baianos, para ele, são “preguiçosos e sujos”.

“Agora o patrão vai ter que pagar empregada para fazer a limpeza todo dia para os ‘bonitos’ também? Temos que botar eles em hotel cinco estrelas para não ter problema com o Ministério do Trabalho?”, questionou Fantinel. “Com os baianos, que a única cultura que têm é viver na praia tocando tambor, era normal que fosse ter esse tipo de problema”, seguiu dizendo.

 

 

Vejam só vocês. Esse é o retrato lamentável de uma parte das pessoas do sul do nosso país que se coloca acima dos demais por puro egocentrismo e uma tal “superioridade” – que só existe na cabeça dos incautos delirantes. É um movimento antigo, até mesmo, que defende desde 1992 a separação dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul do restante do Brasil. E apesar dos apoiadores dessa visão dizerem que não, nós sabemos muito bem a finalidade desse movimento: a xenofobia latente e escancarada.

Quem gostava de separatismo assim era um tal Adolf Hitler, que pregava, entre outras coisas, a superioridade da raça ariana e fez o que fez com a Europa. Não que eu esteja comparando o vereador de Caxias do Sul com o movimento separatista “O Sul é o Meu País” ou com o nazismo; ainda que existam semelhanças quanto ao sentido dos discursos.

Vereador, acontece que o nordeste do nosso país é muito, mas muito maior que pessoas como você, que sobrevivem de amargura e podridão saídos do pior esgoto: o da ignorância. O nordeste não é feito de pessoas “preguiçosas e sujas”, como você acha, mas de gente honesta e trabalhadora em essência, e a prova disso está em todos os cantos desse país de dimensões continentais. O nordeste está na cultura, está no empreendedorismo, está na transformação, reside verdadeiramente em valores humanos, ao contrário do senhor. É o nordeste quem ajudou, e muito, a construir, a edificar. Não será a estupidez, sua ou de qualquer outro, que irá destruir os alicerces morais da nossa sociedade.

Vai ver que a sua pequenez intelectual não lhe permite observar o Brasil tal como ele é. Nossa gente é diversa, é feita de diferenças, e é isso que nos torna tão iguais, de norte a sul, leste a oeste. Se você não percebeu isso até agora, sinto lhe dizer, mas que vida mais patética o senhor leva, hãn?

Outro ponto importante a mencionar aqui, é que o tal vereador foi eleito com 1.756 votos. Isso mesmo, 1.756 votos. Fantinel, aliás, surfava tranquilamente em ondas bolsonaristas (o que não é surpresa alguma, pois é de lá que surgem os piores exemplos). Mas, vem cá. O que será que o Fantinel dizia para esses eleitores nas ruas e no ambiente digital, enquanto pedia votos? Esses eleitores compactuavam com essas tais ideias absurdas? Votaram conscientemente pelo escárnio? Estão todos de consciência tranquila quanto aos seus “valores” e modelo de “sociedade”?

É que para a Justiça, Fantinel, o senhor cometeu racismo. Isso mesmo, racismo! E a Lei Antirracista também pune o preconceito de origem, caso o senhor não saiba. O que você disse em tribuna é preconceito, é xenofobia, é racismo, é imoral, é sujo… É crime! E o lugar perfeito para criminosos, assim como o senhor, é respondendo na Justiça pelas canalhices que dizem. Vou além. Preferencialmente pagando na cadeia, para ter tempo suficiente para não ser um preguiçoso intelectual e um sujo, moralmente falando. Pois é disso que se trata. É o senhor e todos que compactuam com tais ideias, os preguiçosos, os sujos, os covardes, os ignorantes.

Onde está o Ministério Público? Ficará por isso mesmo? Fantinel continuará subindo à tribuna para desfilar seu preconceito? Será punido pelo partido? Sairão impunes as empresas envolvidas nesse caso lastimável? São tantas perguntas… Onde estão as respostas?

A ver.

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