Após uma série de pressões externas, José Mauro Coelho pediu demissão da presidência da Petrobras e, também, do Conselho de Administração da estatal. O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 20. José Mauro Coelho ficou no cargo pouco mais de dois meses, o menor período desde o fim da ditadura militar.
“A nomeação de um presidente interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras a partir de agora”, disse a Petrobras em comunicado publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A saída vem após Coelho receber uma série de críticas feitas pelo presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PL). O fato também ocorre após a estatal elevar o preço da gasolina e do diesel para as distribuidoras.
Jair Bolsonaro (PL) chegou a defender a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a estatal, bem como os diretores e conselheiros.
“Nossa ideia é propor uma CPI para investigar a Petrobras, seus diretores e os membros do Conselho. Queremos saber se tem algo errado nessa conduta deles, porque não é possível se conceder um reajuste com o combustível lá em cima e com os lucros exorbitantes”, disse o presidente em entrevista à Rádio 96 FM, de Natal, na última sexta-feira, 17.
Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (PL), se referiu a Coelho como “ilegítimo”, embora não tenha mencionado que o executivo foi escolhido e indicado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, em abril, para comandar a estatal. Em artigo para a Folha de S. Paulo, o presidente da Câmara acusa a estatal de “capitalismo selvagem” para manter lucros bilionários, mas não menciona, também, que a maior fatia dos dividendos pagos vai para o caixa do governo, porém sem destino certo.
“O primeiro passo que temos de dar é conhecê-la. Quanto gastam seus diretores em suas viagens? Quanto custam suas hospedagens? No exterior ficam onde? Em que carro andam? Quem paga seus almoços e jantares? Alugam carros? Aviões? Helicópteros? Há excessos? De onde vieram? Como constituíram seus patrimônios? Seus parentes: investem onde e são ligados a quem? Depois, temos de entender os critérios de formulação de políticas da empresa. Temos de entender com quem os diretores e os conselheiros conversam. E esses interlocutores: são ligados a que interesses?”, indagou Lira.
Diante das críticas de Lira, Petrobras e seus executivos não se pronunciaram.