O número de denúncias envolvendo grupos e canais do Telegram que compartilham imagens de abuso e exploração sexual infantil cresceu significativamente em 2024, segundo um relatório da SaferNet Brasil. A pesquisa aponta um aumento de 78% entre o primeiro e o segundo semestres do ano, evidenciando que a plataforma continua sendo um espaço de risco para crianças e adolescentes.
Falhas na moderação e expansão dos conteúdos ilícitos
O relatório também revela que o número de usuários envolvidos nesses grupos aumentou de 1,25 milhão para 1,4 milhão no período analisado, totalizando mais de 2 milhões de inscritos em comunidades que disseminam esse tipo de material. Além disso, o estudo identificou 1.043 grupos e canais dedicados a esse conteúdo, sendo que 349 continuavam ativos sem qualquer moderação.
Outro ponto alarmante levantado pelo estudo é que parte desse material é comercializado dentro da plataforma, com pagamentos aceitos em criptomoedas e até na moeda virtual introduzida pelo Telegram em 2024, conhecida como “estrelas”. Isso reforça a dificuldade de rastreamento e combate a essas atividades ilícitas.
Questionamentos sobre o comprometimento da plataforma
O Telegram tem sido o principal alvo de denúncias sobre pornografia infantil na internet no Brasil. Embora a empresa alegue adotar medidas para coibir esse tipo de conteúdo, a SaferNet aponta que a moderação é falha e insuficiente. Apesar de a plataforma afirmar que remove milhares de grupos e canais diariamente, os critérios e locais dessas ações não são transparentes.
Em resposta às denúncias, o Telegram declarou que tem política de tolerância zero para pornografia ilegal e utiliza inteligência artificial e moderação humana para combater abusos. No entanto, os dados do relatório indicam que os esforços da empresa ainda não são eficazes para conter o problema.
Medidas e como denunciar
A SaferNet reforça a importância das denúncias para combater esses crimes. Qualquer pessoa pode reportar páginas ou conteúdos suspeitos através da Central Nacional de Denúncias da SaferNet Brasil, que atua em parceria com o Ministério Público Federal. A luta contra a exploração infantil na internet exige ações conjuntas entre autoridades, empresas e sociedade civil para garantir um ambiente digital mais seguro para crianças e adolescentes.
* Com informações da Agência Brasil.