quarta-feira, março 5, 2025
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Decreto de Trump suspende apoio dos EUA ao Brasil no combate a incêndios florestais

A medida de Donald Trump, por meio de decreto, de interromper toda a ajuda externa estadunidense impactou um programa de capacitação de brigadistas brasileiros no combate a incêndios florestais. O decreto, assinado em janeiro, suspendeu por 90 dias os projetos que repassavam recursos a outros países, sob a justificativa de que essas iniciativas poderiam “desestabilizar a paz mundial” e difundir ideias “contrárias a relações estáveis e harmoniosas”.

Entre os projetos atingidos pela medida está o Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil, coordenado pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e outras instituições brasileiras. Criado em 2021, o programa tem o objetivo de formar brigadistas e oferecer capacitação técnica para profissionais que atuam na linha de frente contra incêndios.

Desde sua implementação, ao menos 51 treinamentos foram realizados, envolvendo o Ibama, a Funai e o ICMBio, resultando na formação de mais de 3 mil brigadistas. Um dos principais avanços do projeto foi a inclusão de mulheres indígenas no combate ao fogo em seus territórios.

Com a suspensão, o Ibama confirmou ter recebido um comunicado informando a interrupção das atividades de assistência internacional vinculadas ao programa.

USAID: alvos de cortes e histórico de ajuda humanitária

Foto: Reprodução/@usaidsaveslives

O financiamento do programa vinha da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), órgão que tem um histórico de apoio a projetos ambientais e sociais no Brasil e em outros mais de 100 países. A mesma agência, que sofreu críticas e ataques por parte de Trump, também financiava iniciativas globais como o combate à fome via ONU e programas de prevenção da Aids na África, que também foram impactados pela suspensão.

Apesar dos cortes, a USAID destinou US$ 1 milhão, em 2024, para apoiar famílias afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. No entanto, após a ordem presidencial, o site da agência ficou inativo, sendo reativado apenas no dia 5 de janeiro com um aviso de despedida e informação de que seus funcionários não essenciais estariam em licença por tempo indeterminado.

Futuro incerto para o combate a incêndios no Brasil

A colaboração entre Ibama e USFS remonta a 1999, e o atual programa de manejo florestal teria duração prevista de cinco anos. A suspensão do financiamento coloca em xeque o futuro do projeto e sua continuidade.

O Ibama afirmou que, embora a paralisação não tenha impacto direto nas ações de combate ao fogo, ela compromete aspectos técnicos que poderiam fortalecer as instituições brasileiras. O órgão também informou que está avaliando junto a outras instituições federais envolvidas a possibilidade de manter ou remanejar as atividades programadas, agora sem a participação do Serviço Florestal dos EUA.

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