quinta-feira, fevereiro 13, 2025
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O que explica a trágica inabilidade do governo Lula 3 de não saber se comunicar?

Amigas e amigos, eu não sei qual é a percepção de vocês, mas para este que vos escreve, é trágica a forma como está sendo conduzida a comunicação do governo Lula 3. Que o governo já havia apanhado outras vezes nas redes sociais, todos nós pudemos acompanhar em outros momentos. Acontece que a derrota recente por conta da polêmica do Pix é, no mínimo, vergonhosa.

Sabemos que comunicação é um dos pilares fundamentais para qualquer figura política; é de suma importância para um vereador, assim como é crucial para um presidente da República. No entanto, Lula tem enfrentado repetidos tropeços neste sentido, deixando brechas que prejudicam não somente a sua imagem — já muito desgastada por uma série de episódios –, quanto pela credibilidade junto à população, especialmente aquela parcela considerável que o elegeu e que, agora, não entende direito a pane que vem ocorrendo.

O caso mais recente envolvendo o PIX é apenas um exemplo em uma série de falhas que evidenciam a fragilidade de sua estratégia de comunicação. Sem explicar direito à população do que se tratava, ou sem ao menos realizar uma campanha publicitária sobre o assunto, o governo Lula 3 se viu soterrado por uma avalanche de notícias falsas que davam conta de uma taxação em cima do PIX, o que não é verdade.

Vale lembrar que a fama da “taxação” já vinha perseguindo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que virou meme nas redes sociais por querer taxar absolutamente tudo. Quem se lembra? O enredo já estava pronto para setores à direita e extrema-direita apenas darem o empurrão necessário para emplacar a taxação do PIX, que colou de forma mais dinâmica que a própria transação bancária; bastou um pânico aqui, um medo acolá, um terrorismo comunicacional, e pronto.

Quem adorou tudo isso foi o deputado federal Nikolas Ferreira, que encampou sua peça de comunicação — dramática, simples e objetiva –, conquistou espaços no imaginário da população, movimentou as massas da desinformação e nadou de braçada nos tropeços do seu adversário. Não contente em sagrar-se vitorioso uma vez, ele alçou uma nova vitória, mas essa sem fazer muito esforço: depois de levar uma surra, o governo Lula correu para revogar as novas regras da Receita sobre monitoramento de movimentações financeiras.

Ué, mas se a intenção era combater a sonegação fiscal, crime previsto na Lei nº 8.137/1990, por qual motivo houve esse recuo? Quando isso escalou de combater criminosos para prejudicar trabalhadores? Não bastasse a falta de confiança causada na primeira derrota, o governo Lula parece não ter ficado satisfeito em perder: ele foi atrás da humilhação, e para a surpresa de um total de zero pessoas, conseguiu.

Fato é que Lula tem uma história de conectar-se bem com as massas, mas ultimamente suas mensagens estão mais confusas do que claras. É essa a queda até mesmo apoteótica deste terceiro governo: vem diretamente da comunicação, mas não somente dela.

Lula sempre foi um grande malabarista político, articulador, e soube conversar com diferentes setores em outros momentos e mandatos; mas, agora, ele erra o próprio cálculo político e adiciona confusão à receita, que capenga e corre sério risco de não obter resultados esperados para 2026.

Muito mais do que uma responsabilidade da própria falta de comunicação deste governo, a percepção que fica é que, apesar de ostentar bons números econômicos, sucessivos erros políticos e comunicacionais vêm operando, dentro e fora do governo Lula. Comunicação política é sobre, entre outras coisas, passar confiança ao povo. Quando as palavras geram mais dúvidas do que soluções, isso afeta não só a imagem, mas também a confiança na gestão.

Há tempo para corrigir? Sim, há. Por enquanto há. Mas está cada dia mais difícil e, para piorar, a previsão do tempo em Brasília, especialmente sobre o Palácio da Alvorada, é de céu carregado com possibilidade de fortes temporais a qualquer momento. Não é um mero guarda-chuva que vai impedir Lula de se ver, quase que inevitavelmente, inundado.

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