Que a arte e a cultura são essenciais para uma sociedade, isso é um fato. Ainda que existam vozes dissonantes aqui ou ali, o poder transformador de tais pilares é incontestável. Aliás, quando falamos em arte e cultura, estamos falando também de investimentos em espaços que possibilitem a formação de talentos, e Taboão da Serra está dando um passo muito importante nesse sentido, com uma campanha que vem chamando a atenção de muitos: a construção de um Teatro Municipal para chamar de seu.
Olhem só. Taboão muito frequentemente é comparada a um “bairro” de São Paulo. A proximidade com a capital paulista faz com que, frequentemente, nossa cidade seja chamada de “dormitório”, o que eu particularmente não vejo com bons olhos e que faz apagar pouco a pouco a nossa identidade e a nossa história, que sim, são muito ricas. Há aí, sobretudo, uma tendência em imaginar que não exista outra finalidade para Taboão a não ser essa, a de “dormitório”, ignorando o fato que nossa cidade cresceu em muitos sentidos e, não à toa, recebe o título como a mais populosa do Brasil, de acordo com dados recentes do IBGE.
Pensem aqui comigo. Sendo a cidade mais populosa do Brasil, nossos talentos não estariam por aí, espalhados aos montes? Por que então fazer com que os nossos jovens tenham que se deslocar para outros locais para seguir o caminho das artes? Por que a população daqui tem que se locomover por longos percursos para chegar aos grandes polos culturais? Por que não acreditar em nossos talentos e investir para que eles sejam formados aqui mesmo? Por que não fazer da arte e da cultura grandes elementos sociais transformadores, capazes de afastar alguém da criminalidade, por exemplo? Por que não imaginar nosso próprio circuito cultural? Por que não concretizar os nossos sonhos?
Aliás, é um assunto tão importante e abrangente que não pode se restringir ao senso comum, expresso em frases e pensamentos clichês. Já ouvi por aí que “Taboão precisa de mais hospitais, e não de um teatro”, o que é de uma completa falta de sentido. Como se uma coisa anulasse a outra. “Se não tem hospital, então não tem que ter teatro”, quando isso é de um profundo desconhecimento de causa.
Precisamos de hospitais? Claro que precisamos. Mas viver a arte é evitar o hospital, sabiam disso? A própria Organização Mundial da Saúde (OMS), em relatório elaborado pelo Escritório Regional para a Europa, é que reforça que o envolvimento de uma pessoa com a arte pode ser benéfico para a saúde mental e física, auxiliando no tratamento de diversas doenças. “Trazer arte para a vida das pessoas por meio de atividades como dançar, cantar e ir a museus e shows oferece uma dimensão adicional de como podemos melhorar a saúde física e mental”, diz a diretora regional da OMS para a Europa, Piroska Östlin. Em resumo: quem consome ou produz arte é mais criativo, tem uma autoestima mais elevada, é mais saudável, é mais feliz – o que evita a tristeza tão característica dos hospitais.
Também já ouvi “ah, mas deveria reformar o CEMUR, não construir um novo espaço”, o que também é um engano. O CEMUR precisa ser reformado? Sim, precisa. A cidade cresceu e aquele espaço merece sim todos os investimentos possíveis e necessários. Mas o complemento à resposta vem de uma própria munícipe, que escreveu no perfil do Instagram do teatro: “o CEMUR não é um teatro e sim um local para todos os tipos de eventos, e muito disputado, tudo se concentra ali. Vai ser maravilhoso ter um Teatro”. É sobre isso, melhor resposta não há.
Venho acompanhando as movimentações, as ações de panfletagem, ouvindo quem está nas ruas colhendo assinaturas para o abaixo-assinado. Todos são unânimes em afirmar que a receptividade está sendo ótima. Até mesmo o ator Moacyr Franco, conhecido por seus diversos papeis na televisão, esteve ao lado do secretário Wanderley Bressan – que lidera o movimento pelo Teatro Municipal -, e gravou um vídeo em apoio à construção do complexo (vídeo acima).
Tudo isso é um sinal muito claro que a maioria das pessoas compreende que a cultura e a arte na rotina, no dia a dia da nossa cidade, pode gerar frutos positivos a curto, médio e longo prazos. Arte é vida e é dessa energia boa que precisamos. Em uma Taboão como a nossa, que um dia já foi o lar de nomes importantes para a Cultura – a citar o inesquecível José Luiz Zagati, sucateiro que ficou conhecido por ter construído uma sala de cinema na garagem de sua casa, no Sítio das Madres, para projetar filmes para crianças carentes -, devemos nos preocupar com os talentos de agora, também em respeito a tudo o que foi feito até aqui por nossa arte.
Para quem quiser participar do abaixo-assinado digital, basta acessar o link aqui. O perfil no Instagram do movimento é @teatromunicipal.taboao
Taboão tem talentos, Taboão tem história, Taboão tem identidade. Que muito em breve, então, tenha também o seu próprio Teatro Municipal. Nada mais justo.
É isto.