Imprensa internacional dá destaque para ação policial no Rio de Janeiro

 Imprensa internacional dá destaque para ação policial no Rio de Janeiro

Imagem: Mauro Pimentel/AFP

A ação policial que deixou mais de 20 mortos na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, na terça-feira (24), repercutiu entre os principais meios de comunicação internacionais. Jornais e sites de diversos países relataram a indignação e protestos de moradores, além de classificarem a polícia brasileira como “umas das que mais matam no mundo“.

De acordo com a Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro, a operação durou cerca de 12 horas. Houve o fechamento de escolas e outros serviços públicos. Ainda de acordo com a PM, o objetivo era capturar líderes da organização criminosa conhecida como Comando Vermelho.

O The Guardian informou que “o número de mortos coloca o incidente entre as operações policiais mais mortíferas da história recente do Rio de Janeiro“. Além disso, o jornal britânico também mencionou outro episódio, ocorrido na favela do Jacarezinho, que acabou com a morte de 28 pessoas, provocando “denúncias de abuso e execuções sumárias“, segundo o jornal.

O The Guardian ainda destacou que, no início do ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu uma série de condições para que pudessem ser feitas batidas policiais no Rio, a fim de “reduzir assassinatos cometidos por policiais e violações de direitos humanos“.

O tribunal decidiu que a força letal deve ser usada apenas em situações em que todos os outros meios tenham sido esgotados e quando necessário para proteger a vida, e deu à polícia 180 dias para instalar dispositivos de gravação de áudio e vídeo em seus uniformes e veículos“, completou o jornal britânico

O canal francês BFM, em seu site, também noticiou o ocorrido. “Os policiais militares, que frequentemente realizam esse tipo de operação matinal nas favelas do Rio contra traficantes de drogas, afirmam terem sido recebidos a tiros“, escreveu o canal. A BFM também seguiu dizendo que, em tais operações policiais violentas, moradores e ativistas “costumam denunciar abusos e execuções extrajudiciais de suspeitos, em atos que, na maioria das vezes, ficam impunes“.

Já o Washington Post apontou que promotores públicos do estado do Rio de Janeiro já entraram com a abertura de uma investigação criminal. “Eles deram 10 dias para a polícia militar fornecer detalhes sobre a operação, indicando quais funcionários foram responsáveis por cada morte e a justificativa para o uso da força letal“, explicou o jornal.

O canal de televisão Al Jazeera, por meio de seu site, também comentou sobre a operação na Vila Cruzeiro, noticiando que o fato “provocou indignação e protestos entre os moradores, que disseram se sentir aterrorizados e presos em sua comunidade, e levou a pedidos de uma investigação independente de organizações de direitos humanos e funcionários das Nações Unidas“.

O suíço Le Temps apontou que “os policiais do Rio deveriam usar câmeras corporais em seus uniformes a partir de maio“, o que, segundo o jornal, poderia facilitar a investigação. Porém, ressalta que “o uso do equipamento foi adiado devido a atrasos na entrega“. A notícia ainda sentencia que “a polícia brasileira é uma das que mais matam no mundo“, revelando um balanço de 6.100 mortes registradas somente em 2021, o que representa uma média de 17 por dia.

* Com informações do portal UOL.

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